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Por que os brasileiros não tratam seu colesterol alto corretamente? |
As anormalidades do colesterol e suas frações, chamadas de dislipidemias, são um dos principais fatores de risco para as doenças cardiovasculares, como o infarto do miocárdio (ataque cardíaco) e o acidente vascular cerebral (derrame cerebral). Estas doenças, por sua vez, são as principais causas de morte em nosso país.
Um recente estudo brasileiro, chamado de Projeto CORE, demonstrou que a maioria dos brasileiros não trata adequadamente o seu colesterol elevado.
O projeto CORE foi realizado em todo o Brasil, de acordo com a metodologia usada nas pesquisas eleitorais. Foram entrevistados cerca de 2.000 adultos. Observou-se que mais da metade dos brasileiros adultos (53%) nunca dosou o seu colesterol sanguíneo. Dentre aqueles que já dosaram, 22% relataram que estavam com níveis elevados; na população acima de 35 anos, esse número chegou a 29%. Apenas 50% desses pacientes estava sob tratamento para o colesterol elevado.
Entre os 50% que não tratavam o problema, metade deles iniciou e abandonou o tratamento, enquanto que a outra metade nem sequer iniciou.
A falta de adesão ao tratamento das dislipidemias apresenta várias explicações:
1- As dislipidemias, em geral, não tem cura. O tratamento visa controlar os níveis de colesterol que, em sua maior parte, são fruto de sua produção pelo fígado.
2- As dislipidemias não costumam causar sintomas. Em muitos casos, as manifestações iniciais da doença são devidas à aterosclerose (formação de placas de gordura na parede das artérias) e as suas manifestações clínicas, como o infarto do miocárdio (ataque cardíaco). Concluímos que as dislipidemias são, fundamentalmente, uma entidade laboratorial (detectadas através da análise do exame de sangue).
3- Muitos médicos orientam seus pacientes de uma forma equivocada, sugerindo que estes abandonem a medicação redutora do colesterol uma vez que os nível deste tenha normalizado. Com o passar do tempo, os níveis de colesterol voltarão a se elevar. A média do tempo de uso de um medicamento redutor de colesterol costuma ser de apenas 6 meses.
4- O tratamento das dislipidemias implica em gastos, mas a sua relação custo-benefício é bastante favorável, pois comprovadamente diminuirá o risco futuro de morte, invalidez e/ou procedimentos invasivos, como a angioplastia coronariana ou cirurgia de revascularização miocárdica (cirurgia de "ponte de safena").
Lembramos ainda que o tratamento medicamentoso das dislipidemias é apenas uma parte do processo, pois as mudanças dos hábitos alimentares, a prática regular de exercícios físicos, a perda de peso e a cessação do tabagismo, também são medidas fundamentais para reduzir o risco cardiovascular. |
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